07 de abril de 2016
O cultivo de transgênicos não é saudável para consumidores, meio ambiente e produtores, diz cientista francês, SC
Criado para reduzir o uso de pesticidas, cultivo de plantas modificadas deve ser revisto, diz cientista francês.
Os transgênicos já foram sinônimo de maior produção e menor uso de agrotóxicos. Mas, após 13 anos da primeira safra de soja brasileira geneticamente modificada, os resultados desse tipo de cultivo chamam a atenção de pesquisadores, principalmente por conta da quantidade de pesticidas. O alerta para a ineficiência da cultura transgênica será tema de palestra de Robin Mesnage, pesquisador francês do Departamento de Genética Médica e Molecular do King’s College, de Londres, hoje,7, na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). O evento é promovido pelo Ministério Público de Santa Catarina (MP-SC).
– Não somos contra qualquer prática ou estudo de transgênicos, mas é fato que o cultivo, associado a tantos agrotóxicos como está atualmente no mundo, não é saudável para os consumidores, produtores e meio ambiente. O uso dos agrotóxicos aumentou e isso precisa mudar de alguma forma – diz Mesnage.
Segundo o professor da UFSC Rubens Nodari, as plantações tiveram uma redução no uso de agrotóxicos após a liberação de organismos geneticamente modificados, mas apenas nos primeiros quatro anos. Após esse período, houve um crescimento contínuo. – O primeiro motivo é o aumento de plantas resistentes aos produtos, em um processo simples de seleção natural. Outra possibilidade é a própria mutação das vegetações daninhas. E o mesmo já ocorre com alguns insetos, que não morrem e continuam a infestar as plantações.
Nodari, que trabalha com plantas transgênicas e as consequências de seus cultivos, aponta que a cultura transgênica como promessa de menor uso de agrotóxicos ou menor custo de produção não se confirma e afirma que há outros problemas no sistema de agricultura que se refletem na aplicação de produtos químicos, como fiscalização, falta de conhecimento por parte dos agrônomos e a pouca quantidade de estudos nacionais publicados. – Mas não é por isso que temos que continuar coniventes, nós estamos em uma encruzilhada e, se continuarmos assim, vamos envenenar o ambiente e as pessoas – alerta Nodari.
Fonte: A Notícia - RBS Internet e Inovação