03 de maio de 2016
Seis meses depois da tragédia, lama ainda ameaça e deve ser contida antes de outubro, MG
As feridas abertas no meio ambiente e nas comunidades dilaceradas pela força da onda de rejeitos de 40 milhões de metros cúbicos e mais de 15 metros de altura, despejada com o rompimento da Barragem do Fundão, em Bento Rodrigues, distrito de Mariana, em 5 de novembro, mantêm estéreis grandes extensões de mata atlântica, do cerrado e das bacias dos rios Gualaxo do Norte, do Carmo e Doce. Às vésperas de se completarem seis meses da catástrofe que matou 19 pessoas, a situação considerada trágica pelos órgãos ambientais ainda está longe de ser solucionada.
A mineradora Samarco, dona das barragens do Fundão e de Santarém – que também foi atingida – corre contra o tempo para impedir que aproximadamente 20 milhões de metros cúbicos de lama e detritos de minério de ferro, ainda contidos nessas estruturas, se desagreguem e desçam com a nova estação chuvosa, provocando ainda mais degradação.Segundo cálculos de técnicos do Ibama, obras de grande envergadura nesses reservatórios precisam ser concluídas dentro de cinco meses, antes de outubro, para que só então possa ser iniciada grande parte das intervenções de recuperação ambiental.
A reportagem do Estado de Minas teve acesso ao último laudo produzido pelo Ibama no mês passado, que deve ser divulgado ainda neste mês. O documento foi produzido por 18 técnicos e traz um claro ultimato à empresa: “Não será admitido que, ao início do próximo período chuvoso (outubro), exista carreamento de rejeitos da fonte (Barragem do Fundão) ao ambiente, causando novamente poluição e degradação ambiental e comprometendo todos os esforços de recuperação da bacia”. Para tanto, o órgão federal afirma ser urgente “a implantação das estruturas projetadas para contenção da totalidade dos rejeitos remanescentes (nas barragens) até o próximo período chuvoso. Assim, a Samarco deverá realizar de maneira concentrada e com status emergencial todas as ações necessárias para que, previamente ao início do período chuvoso vindouro, esteja com estruturas adequadamente dimensionadas e operacionais para a contenção da totalidade dos rejeitos.”
Estado de Minas