05 de maio de 2016
Bactéria Wolbachia reduz transmissão de zika pelo Aedes
Pesquisadores da Fiocruz comprovaram que a bactéria Wolbachia, quando presente no mosquito Aedes aegypti, é capaz de reduzir a transmissão do vírus zika. Publicado nesta quarta-feira (4/5), na prestigiada revista científica Cell Host & Microbe, o estudo integra o projeto Eliminar a Dengue: Desafio Brasil. Trazido ao país pela Fiocruz, o projeto estuda o uso da bactéria Wolbachia como uma alternativa natural, segura e autossustentável para o controle de dengue, chikungunya e zika. A pesquisa traz dados inéditos sobre a capacidade da Wolbachia de reduzir a replicação do vírus no organismo do mosquito. O projeto conta com a participação de pesquisadores do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) e do Centro de Pesquisas René Rachou (Fiocruz-Minas).
O estudo usou quatro grupos de mosquitos Aedes aegypti: duas gaiolas continham mosquitos Aedes aegypti com Wolbachia, criados em laboratório pela equipe do projeto, e duas gaiolas com insetos sem a bactéria, coletados no Rio de Janeiro. Todos eles foram alimentados com sangue humano contendo duas linhagens do vírus zika circulantes no Brasil: metade das gaiolas recebeu sangue com uma cepa isolada em São Paulo, enquanto a outra, com cepa isolada em Pernambuco.
Os cientistas acompanharam os mosquitos ao longo do tempo. Depois de 14 dias do contato com o vírus, os especialistas coletaram amostras de saliva de 10 mosquitos com Wolbachia e de 10 mosquitos sem Wolbachia. O objetivo era infectar 160 Aedes e analisar se eles seriam infectados pelo vírus presente nas salivas. O resultado foi animador: nenhum dos 80 mosquitos que recebeu saliva de Aedes com Wolbachia se infectou com o vírus zika. Por outro lado, 85% dos mosquitos que receberam saliva de Aedes sem Wolbachia ficaram altamente infectados.
“Na natureza, ao picar um indivíduo infectado, o mosquito também se infecta. O vírus, então, irá percorrer um longo caminho por todo o corpo do inseto até chegar à glândula salivar. Alcançar um resultado que demonstra que mais da metade dos Aedes com Wolbachia sequer apresentarão zika na saliva, caso sejam infectados, reforça ainda mais o potencial de utilização em larga escala que esta estratégia apresenta”, pondera o coordenador do projeto no Brasil.
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