11 de maio de 2016
Cientistas mapeiam efeitos do zika em cérebros em formação
Pesquisadores mapearam, pela primeira vez, os efeitos do vírus zika isolado no Brasil em neurosferas humanas, estruturas celulares que reproduzem o cérebro em formação. O trabalho permitiu identificar mais de 500 genes e proteínas alterados na infecção pelo vírus.
"É uma descoberta importante porque permite que pesquisadores do mundo inteiro entendam com mais profundidade como o zika age e possam encontrar formas de bloqueá-lo. O vírus pode matar a célula de diferentes formas. Mas agora a gente sabe, como num script, o que ele está fazendo. A pesquisa de quem estuda drogas que inibem infecção e replicação viral, se já se sabe qual é o script do vírus, fica muito mais fácil", disse a neurocientista Patrícia Garcês, do Laboratório de Neuroplasticidade da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e do Instituto D'Or de Pesquisa.
O estudo, que reuniu cientistas da Universidade de Campinas, Instituto Evandro Chagas, Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e Instituto de Biologia da UFRJ, foi publicado pelo jornal científico PeerJ, em sistema de preprint .Os pesquisadores identificaram que o vírus age de diferentes formas. Ele interrompe o ciclo celular, impedindo as células de se dividir e de dar origem aos neurônios. Provoca danos no DNA da célula, que acaba replicando o próprio vírus no organismo. Por fim, o vírus leva as células à morte. "A célula tem genes e proteínas para dar origem aos neurônios. Mas, como esses genes e proteínas estão desregulados pela ação do zika, isso acaba não acontecendo. O vírus manipula a célula a favor dele e utiliza toda a maquinaria celular para se autorreplicar. Ao perceber esses problemas, a célula inicia um processo de autodestruição", disse ela.
Fonte - AE Noticiário