11 de maio de 2016
Especialistas querem que surto de febre-amarela seja declarado emergência internacional
Dois professores do Centro Médico da Universidade de Georgetown, em Washington, apelam à OMS para definir o surto angolano de febre-amarela como uma emergência de saúde pública de importância internacional. Num artigo publicado no The Journal of the American Medical Association e citado pela Rede Angola, os investigadores Daniel Lucey e Lawrence O. Gostin alertam para a possibilidade das reservas de vacinas se esgotarem caso o surto alastre para fora de Angola.
A mesma fonte avança que até 5 de Maio, a epidemia já tinha matado 293 pessoas em cinco meses, com 2.267 casos suspeitos. A estes juntam-se outros casos registrados na China (11), RD Congo (37) e Quénia (2) de viajantes regressados de Angola.
Como solução, Lucey e Gostin sugerem à OMS o recurso à Emergency Use Assessment and Listing (EUAL), uma estratégia anteriormente usada durante a epidemia do ebola e que autoriza a redução das doses de vacina como forma de prevenir a escassez de reservas, ao mesmo tempo que alivia a progressão da epidemia.
“Especialistas internacionais recomendaram o uso de um quinto da dose normal da vacina em Angola para evitar a escassez aguda se o vírus se espalhar”, escreveram os professores, lembrando, por outro lado, que este procedimento pode reduzir o tempo e extensão da imunidade, sobretudo em crianças.
Neste sentido, lembram que a gestão das reservas é “essencial”, mas apenas possível se a directora-geral da OMS, Margaret Chan, “declarar uma emergência de saúde pública de importância internacional ou determinar que é no melhor interesse da saúde pública”.
No relatório intitulado A Yellow Fever Epidemic – A New Global Health Emergency? (Uma epidemia de febre amarela – uma nova emergência global de saúde?), os autores, lembrando a resposta tardia da OMS aos vírus do Ébola e Zika, aconselham a organização a criar um comité de emergência e a coordenar uma resposta internacional para aquele que consideram ser o pior surto da doença em Angola desde 1986.
“Os defensores da saúde mundial não deveriam ter que pedir a convocação de uma comissão de emergência para cada ameaça à saúde internacional. Ao invés, a OMS deve estabelecer um comité de emergência permanente para reunir-se regularmente e aconselhar a directora-geral a declarar a emergência, tomar as medidas necessárias para evitar uma crise, ou ambos”.
Margaret Chan esteve em Angola, em Abril, para se inteirar da evolução do surto. A OMS e o Ministério da Saúde têm trabalhado em conjunto na prevenção da febre-amarela, mas com conclusões diferentes. Enquanto o ministério deu a epidemia por controlada, a organização liderada por Margaret Chan alertou para o registro de contágio a outras províncias além de Luanda, que lidera as estatísticas de morte, bem como para risco de propagação a países vizinhos.
Fonte: Expresso das Ilhas Online