20 de maio de 2016
Governos não atuam perante zika para evitar debate sobre aborto, diz ativista, Copenhague
A especialista brasileira Débora Diniz critica "a inação" dos governos latino-americanos perante o zika vírus porque a luta contra a epidemia necessita falar sobre os direitos das mulheres, concretamente o do aborto.
"Há uma conexão muito importante entre a zika e os direitos das mulheres e das crianças com incapacidade. Mas nossa região não respeita nem as mulheres e nem os incapacitados", afirma em entrevista à Agência Efe Diniz, co-fundadora do Instituto de Bioética Anis, que participou da conferência internacional Women Deliver realizada em Copenhague.
Este Instituto apresentou recentemente perante o Superior Tribunal Federal (STF) um pedido para que se autorize o aborto caso uma mãe contraia zika, já que cada vez há mais evidências que indicam uma relação de causa entre o vírus e os casos de microcefalia. "É uma tragédia humanitária onde as vítimas são as mulheres. Precisamente por isso, as autoridades não estão fazendo nada, porque é um tema são as mulheres", denuncia Diniz.
"Falar de zika implica falar sobre os direitos das mulheres, de planejamento familiar e aborto. E sobre isso não querem falar", lamenta. Em alguns países da região, a lei só acolhe a possibilidade de abortar caso a vida da mãe corra perigo, enquanto no Chile, El Salvador, Haiti, Honduras, Nicarágua, República Dominicana e Suriname nem sequer nesse caso. Enquanto as autoridades não querem falar abertamente do assunto, o papa Francisco mencionou a possibilidade de usar métodos anticoncepcionais perante o risco de zika. "Me espanta que a epidemia possa voltar à África, onde os sistemas de saúde são muito frágeis. As consequências podem ser inimagináveis", advertiu Diniz.
Fonte: Agencia EFE