23 de maio de 2016
Flórida resiste a ‘Aedes do bem’ no combate ao zika, EUA.
Um mosquito geneticamente modificado está provocando uma tempestade política no arquipélago de Florida Keys. A Oxitec Ltd., ( que é controlada pelos EUA ), fabricante britânica de insetos geneticamente modificados, planeja ir de porta em porta nas próximas semanas para convencer os habitantes da comunidade de Key Haven das virtudes de um mosquito modificado que a empresa afirma ser capaz de ajudar a exterminar as populações selvagens de mosquito conhecidas por transmitirem o vírus zika e a dengue.
Críticos do teste de campo da Oxitec estão fazendo campanha nas redes sociais e espalhando cartazes alertando que os mosquitos biotecnológicos não são necessários para suprimir as doenças e que eles poderiam prejudicar os ecossistemas locais.
A questão está dividindo parte dos cerca de 1 mil habitantes de Key Haven, comunidade da ilha de Raccoon Key, adjacente a Key West, onde a Oxitec e autoridades de controle de pragas locais estão buscando permissão federal para o teste. A FDA, agência dos Estados Unidos que controla alimentos e medicamentos, está analisando o teste e concedeu uma aprovação preliminar em março. Ela já recebeu cerca de 1.500 comentários contra e a favor do plano e, e reuniões com moradores sobre o assunto às vezes terminam em confusão. Em abril, autoridades locais decidiram realizar uma votação pública sobre o teste, programada para agosto.
No Brasil, testes realizados desde 2011 têm mostrado resultados positivos. Guilherme Trivellato, supervisor de produção e ensaios de campo da Oxitec, diz que a empresa já realizou testes semelhantes ao proposto na Flórida nas cidades baianas de Juazeiro e Jacobina e agora estão iniciando os testes de campo na cidade paulista de Piracicaba.
Segundo ele, em Juazeiro, os testes foram realizados com a soltura do mosquito macho modificado, chamado de “Aedes do bem", em 2011, no bairro de Itaberaba e Mandacaru. Em Mandacaru, o “Aedes do bem" conseguiu suprimir 99% da ocorrência do inseto selvagem. Os testes foram aprovados pela Comissão Técnica Nacional do Brasil de Biossegurança (CTNBio), que liberou comercialmente o uso do mosquito geneticamente modificado da Oxitec no país em 2014.
A controvérsia da Flórida transformou os mosquitos da Oxitec na mais recente batalha pública em um crescente debate sobre engenharia genética nos EUA. Uma lei do Estado de Vermont que exige que alimentos feitos com ingredientes transgênicos tenham essa informação especificada no rótulo forçou muitas empresas a mudar suas embalagens em todo o país.
As autoridades de controle de pragas explicam que escolheram Key Haven para o teste porque a pequena comunidade da ilha seria ideal para provar se os mosquitos da Oxitec funcionam. Os críticos da iniciativa dizem que as propostas ignoram as preocupações dos moradores da ilha — que têm um histórico de se unir para enfrentar o governo — e podem prejudicar o turismo e o ecossistema da região. A FDA informou que não encontrou indícios de impacto ambiental e a Organização Mundial da Saúde recomendou os testes com os mosquitos da Oxitec.
Fonte: The Wall Street Journal of Americas