13 de julho de 2016
Vítimas do zika e abandonados pelo estado
Seis meses após o ápice de uma das maiores epidemias já registradas no Brasil, como sobrevivem os bebês infectados pelo vírus e suas famílias.
Fabíola Perez 08.07.16 - 20h00 - Quando a família de Jennifer Catarine Oliveira da Silva, de 22 anos, soube que seu filho, o pequeno Cauã Vinícius, de um ano e oito meses, nasceria com uma malformação cerebral, todos se desesperaram. Sem informações sobre a complexidade da microcefalia, doença que já acometeu 1.638 bebês em todo o País, ela descobriu no dia a dia as limitações que Cauã desenvolveria e as dificuldades que enfrentaria para criá-lo. Vanessa Amanda dos Santos, de 26 anos, mãe de João Vitor Lino da Silva, de 2 anos e 10 meses, só foi informada de que se tratava da doença causada pelo zika vírus quando o bebê teve convulsões que a obrigaram a levá-lo às pressas ao hospital.
Para levar Cauã ao médico, Maria da Conceição utiliza dois transportes públicos. E, não raro, quando chega ao hospital não é atendida por uma equipe especializada. “Temos assistência de neurologistas uma vez por mês e em casos de emergência quem dá uma olhada é a pediatra”, diz ela. Vanessa, mãe de João Vitor, também aguarda retorno do Imip para saber se haverá vaga. “Ele não anda, nem fala. Era para ter acompanhamento de fonoaudiólogos e fisioterapeutas, mas ainda estamos esperando uma resposta”, afirma. Enquanto isso não acontece, ele começará a fazer a estimulação pelo programa do Cervac e da Visão Mundial. José Wesley, que até junho fazia exercícios de reabilitação em casa, começou um tratamento com ajuda das instituições. Enquanto isso, aguarda o estado cumprir seu dever, já que não protegeu sua mãe do zika.
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