23 de setembro de 2016
Rio ainda não tem previsão para vacinar população contra dengue
Com a proximidade do verão, o risco de contrair dengue volta a preocupar a população. No Paraná, onde o número de casos da doença é alarmante, o governo decidiu vacinar parte dos moradores de 30 cidades. Aqui, o poder público praticamente descarta uma campanha de imunização. A opção para quem quer se proteger é recorrer a clínicas particulares, onde as três doses saem por, no mínimo, R$ 900.
A vacina, de origem francesa, serve para os quatro tipos de dengue conhecidos no país. Por enquanto, há apenas um fabricante licenciado no Brasil, o laboratório Sanofi Pasteur. De acordo com a empresa, a eficácia global da vacina é de 66% e ela não previne contra zika e chikungunya, doenças também transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti. Além disso, só é indicada para quem tem entre 9 e 45 anos.
Até o verão, já não dá mais tempo para uma imunização ideal com a vacina. A dose é aplicada a cada seis meses. Especialistas afirmam, no entanto, que já na primeira aplicação é possível obter algum benefício. Segundo o governo do Paraná, o investimento na vacina compensa, diante do valor gasto com o tratamento de pacientes com dengue.
A estimativa da Organização Mundial da Saúde (OMS) é que cada paciente com dengue gere um custo de US$ 1.500 (cerca de R$ 4,8 mil). A conta inclui os dias em que ele deixa de trabalhar por causa da enfermidade. Com isso, apenas este ano, o custo com esses doentes no Paraná já chegaria a R$ 329.245,560.
O Estado do Rio registrou este ano (de janeiro até 9 de julho) dez mortes por dengue e 71.951 casos prováveis da doença. Por nota, a Secretaria estadual de Saúde informou que o governo está em "contato com a Sanofi sobre o insumo, já em conversas bastante avançadas". Ressaltou, porém, que a aplicação da vacina na rede pública é uma atribuição do governo federal.
O infectologista Edimilson Migowski, presidente do Instituto Vital Brazil, referência em pesquisa e vinculado ao estado, afirma que o governo avalia a aplicação da vacina em crianças de 9 e 10 anos. Com os cofres vazios, no entanto, ainda não há perspectivas de que a negociação seja concluída a tempo para aplicar sequer a primeira dose antes do verão.
- O custo dessa vacinação não é pequeno, mas é claro que, se há uma ferramenta como a vacina, o ideal é usar. Seria interessante para a população, mas também não se pode iniciar uma vacinação e parar no meio por falta de dinheiro - diz.
Consultada sobre a possibilidade de oferecer a vacina, a Secretaria municipal de Saúde afirmou que segue as recomendações do Ministério da Saúde. Segundo a pasta, no Sistema Único de Saúde, as vacinas são um insumo estratégico definido por portaria do ministério, ao qual cabe fazer a compra.
Já o Ministério da Saúde informou que, até o momento, não há decisão sobre a incorporação da vacina ao SUS. Para isso acontecer, é preciso avaliar, entre outros itens, sua eficácia e segurança. O órgão também disse que repassou R$ 100 milhões para custear a terceira e última fase da pesquisa clínica da vacina da dengue em desenvolvimento no Instituto Butantan.
Fonte: O Globo