05 de outubro de 2016
Cresce o número de casos de infecção transmitida por gatos, a esporotricose
Uma doença de nome difícil: esporotricose. O mal, que é transmitido por gatos aos humanos, tem se espalhado pelo estado. Segundo a Superintendência de Vigilância Epidemiológica da Secretaria Estadual de Saúde, no ano passado foram feitas 982 notificações da doença, o que representou um aumento de 20% em relação a 2014, quando foram registrados 818 casos. Este ano, até 2 de junho, foram 226.
Causada pelo fungo Sporothrix schenckii, a esporotricose é uma micose que se instala na pele e costuma ser transmitida por gatos aos humanos.
- O fungo causava a doença em pessoas que mexiam com terra ou planta contaminadas. Mas, de 1998 para cá, esse padrão mudou. As pessoas com a doença começaram a chegar à Fiocruz após serem mordidas ou arranhadas por gatos infectados. Quando a transmissão era através da terra, atendíamos de um a dois casos por ano. A quantidade de fungos na terra é menor e mais diluída. O gato concentra muito fungo, que vai se multiplicando - detalha Dayvison Freitas, pesquisador em dermatologia infecciosa do Instituto Evandro Chagas, da Fiocruz, e doutor em medicina tropical. Notificação obrigatória
Os pacientes eram atendidos na Fiocruz, em Manguinhos, mas, após o aumento do número de casos, o controle passou a ser feito pelo estado. O quadro é tão sério que, a partir de 2013, a notificação de casos em humanos atendidos em unidades públicas ou consultórios particulares passou a ser obrigatória no Rio.
Segundo o estado, apesar do avanço da doença, por falta de série histórica, não é possível afirmar que há uma epidemia.
O vice-presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia no Rio de Janeiro, Egon Daxbacher, explica que a esporotricose é uma micose profunda e, por isso, é transmitida apenas pela mordida ou pelo arranhão do gato.
- É uma lesão em forma de caroços, que podem aumentar em número, sempre em linha reta. Eles costumam ser vermelhos, quentes e inflamar, gerando pus.
Chefe do Laboratório de Pesquisa Clínica em Dermatozoonoses em Animais Domésticos do INI/Fiocruz, Sandro Pereira afirma que gatos contaminados apresentam ferimentos, principalmente na cabeça, nas patas e na cauda.
- A maioria dos animais que atendemos reside em casas e tem por hábito passear nas redondezas. Nesses passeios, eles podem, em uma briga, contrair o fungo de um gato doente. Dayvison Freitas destaca que a culpa pela proliferação da doença não é do gato:
- Ele é a maior vítima: adoece e precisa do humano para cuidar dele. É preciso que medidas de saúde pública sejam implantadas para levar os gatos doentes para abrigos e tratá-los.
O Globo