27 de fevereiro de 2015
Malária: casos confirmados no Rio não caracterizam surto da doença

Os 14 casos de malária confirmados no estado no início do ano chamaram atenção da população e levantaram uma dúvida: o Rio de Janeiro enfrenta um surto da doença? “Não é possível ainda caracterizar surto da doença no estado. Os casos estão ocorrendo nos locais já sabidamente de risco para a transmissão de malária por plasmodium vivax”, afirma Alexandre Chieppe, superintendente de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Estado de Saúde (SES).
Ele explica que há vários anos são identificados casos de malária com transmissão no Rio de Janeiro em localidades próximas da Mata Atlântica, principalmente nos municípios da Região Serrana e entorno. Estão justamente nesta região os prováveis locais de infecção dos casos registrados este ano. “Nós temos sistematicamente identificado um número de casos pequenos, causados por Plasmodiu Vivax que não tendem a causar casos graves, mas que, de certa forma, chegam ao nosso conhecimento pelo sistema de informação”, diz Chieppe.
O superintendente explica que a SES está investigando os locais possíveis de infecção desses casos. “Muitos desses casos ocorrem em viajantes que percorrem vários municípios, localidades, inclusive alguns que vem de foram do Rio de Janeiro. Nós estamos ainda em uma fase preliminar de investigação. Obviamente isso acende um sinal de alerta para a gente intensificar a caracterização dessas áreas quanto à presença do vetor de transmissão, mas não é possível, com as informações que a gente tem hoje, caracterizar um surto”, reafirma.
A doença
A malária é uma doença infecciosa febril e aguda, cujos agentes etiológicos são protozoários (Plasmodium) transmitidos por vetores (mosquito Anopheles). A transmissão ocorre através da picada da fêmea do mosquito Anopheles infectado pelo protozoário Plasmodium. Não há transmissão direta da doença de pessoa a pessoa. Os casos confirmados no Rio de Janeiro são de malária por plasmodium falciparum, que é a que ocorre na região Amazônica.
Este tipo de malária eventualmente pode causar casos graves que precisam de um tratamento mais agressivo, mas não é este o caso dos que foram registrados por aqui. “Os casos que foram identificados no Rio de Janeiro são casos com quadros clínicos simples, geralmente de evolução muito benigna, e que foram tratados e evoluíram de forma muito satisfatória”, destaca Chieppe.
Os sintomas
O quadro clínico típico de malária é caracterizado por febre que aparece geralmente de forma súbita. Algumas vezes a febre pode vir acompanhada de dor no corpo e outros sinais como calafrios, sudorese abundante e cefaleia. A orientação é para, em caso de sinais de febre algumas semanas após o histórico de viagem, procurar o serviço de saúde e informar os profissionais de saúde esse histórico para que ele possa fazer esse vínculo e estabelecer o diagnóstico de forma mais adequada.
Precaução
As regiões em que ocorreram esses casos – que já têm histórico de transmissão de malária nos últimos anos – são municípios de grande presença de Mata Atlântica, longe das regiões metropolitanas dessas cidades. Então, a orientação é para, ao visitar estas áreas de mata muito densa afastadas do centro das cidades, usar mecanismos de proteção individual – roupas adequadas e repelente. Além disso, se apresentar qualquer sintoma de febre, dor no corpo, procure o serviço de saúde e, como explicado acima, informar que visitou uma destas áreas.
“Queremos transmitir tranquilidade para as pessoas. São regiões que a gente já tem isso caracterizado. A princípio não há regiões novas com transmissão de malária. Portanto, a recomendação é a mesma dos anos anteriores. A secretaria vai atualizar esses dados diariamente e, caso tenha qualquer modificação neste cenário, a comunicação de alerta vai ser alterada”, finaliza Chieppe.