29 de julho de 2016
Para reduzir mortes por hepatite, OPAS defende investimento em prevenção e tratamento

Aumentar o acesso aos testes de detecção e ao tratamento das hepatites, assim como melhorar o conhecimento sobre essas doenças na população. Estas são, segundo a Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS), formas de reduzir o número de mortes causadas pelas hepatites virais.
De acordo com dados da organização, atualmente, apenas uma a cada 20 pessoas que possuem hepatites virais sabe estar infectada e apenas uma a cada 100 pessoas que têm a enfermidade realiza o tratamento. Existem, ainda segundo a OPAS, 400 milhões de pessoas com infecção crônica pelo vírus da hepatite B ou hepatite C em todo o mundo, número mais de 10 vezes superior aos infectados pelo HIV. Calcula-se que 1,45 milhão de pessoas morreram em 2013 pela doença – contra menos de um milhão de óbitos registrados em 1990.
Nas Américas, as hepatites virais causam mais de 125 mil mortes por ano, em sua maioria pelos tipos B e C. A estimativa é que 7,2 milhões de pessoas vivem com hepatite C crônica na região, das quais apenas 25% receberam diagnósticos e dessas apenas 300 mil recebem tratamento. Graças aos novos tratamentos disponíveis, cerca de 90% das pessoas infectadas por hepatite C têm chances de cura e de reduzir o risco de morte por câncer de fígado ou cirrose. Cerca de 2,8 milhões de pessoas vivem com hepatite B crônica nas Américas.
Neste ano, na Assembleia Mundial da Saúde, os governos de todos os países do mundo aprovaram a primeira estratégia global do setor de saúde contra as hepatites virais e acordaram as primeiras metas para reduzi-las. Uma delas é tratar oito milhões de pessoas que sofrem com hepatites B e C até 2020. O objetivo em longo prazo, com base nos números de 2016, é reduzir em 90% a incidência das hepatites e em 65% a mortalidade por essas doenças até 2030, o que corresponderia à sua eliminação como problema de saúde pública.
Prevenção
A hepatite é uma inflamação do fígado causada comumente pelos vírus tipo A, B, C, D e E – que pode resultar em infecções agudas e crônicas com inflamação do fígado e, em longo prazo, cirrose, câncer hepático e morte. Os vírus das hepatites B e C são transmitidos por meio de sangue contaminado, bem como pelo uso de agulhas e seringas contaminadas e entre consumidores de drogas injetáveis. Também pode haver transmissão por meio de relações sexuais sem proteção e de mães infectadas para o filho.
Desde 1982 há vacinação para prevenir a hepatite B. Na América Latina e no Caribe, todos os países introduziram oficialmente a vacina em seus programas de imunização infantil e apresentam taxas de cobertura de quase 90%. Além disso, mais de 99% das unidades de sangue doadas na região são testadas para os vírus das hepatites B e C.
Avanços no tratamento
Vários países estão encontrando maneiras de oferecer uma gama de serviços para quem necessita. O declínio no preço dos medicamentos utilizados para tratar a hepatite C, embora ainda muito lento, está sendo facilitado – sobretudo nos países em que medicamentos genéricos são comercializados. Em uma análise preliminar se calculou que, em 2015, 300 mil pessoas de países de baixa e média renda haviam sido tratadas contra a hepatite C com novos antivirais de ação direta.
No caso do Brasil, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece tratamento acessível aos pacientes com hepatite C. Em outubro de 2015, o sistema de saúde incorporou três novos medicamentos para combater a doença (daclatasvir, simeprevir y sofosbuvir), que aumentaram para 90% as taxas de cura.