O pré-natal é fundamental para se garantir uma gravidez e um parto saudáveis e seguros. Para isso, são realizados, por exemplo, exames que podem identificar doenças como pressão alta (hipertensão arterial), anemia, diabetes, aids, hepatite B e sífilis. Além disso, em todas as consultas o profissional de saúde vai verificar o peso e a pressão arterial da gestante e se há sinais de anemia e inchaço (edema), além de verificar as vacinas da futura mamãe.
Todo o pré-natal é registrado em um Cartão da Gestante. Este documento reúne informações como data das consultas, data provável do parto, peso da gestante, presença de inchaço, e medida da barriga da mulher, batimentos do coração do bebê e resultado dos exames, além de informações sobre o parto.
É importante que a mulher leve o cartão a todas as consultas e peça que os profissionais de saúde façam as anotações nele. Também é muito importante levá-lo ao hospital quando for chegar a hora do parto. Vale lembrar que, caso deseje ou precise, a grávida pode solicitar ao serviço de saúde a presença de uma pessoa de sua confiança nas consultas do pré-natal.
A gestante deve ter, no mínimo, seis consultas de pré-natal, preferencialmente uma até o 3º mês, duas entre 4º e 6º mês e três entre o 7º e 9º mês de gestação. A partir do 9º mês as consultas devem ficar mais frequentes. Além disso, é realizada, também, uma consulta após o parto, até 42 dias após o nascimento do bebê, para avaliação de seu estado clínico geral e para orientações sobre planejamento familiar.
Em todas as consultas de pré-natal, a equipe de saúde deverá aferir a pressão arterial da gestante, verificar seu peso, medir sua barriga e escutar o coração do bebê. Durante as
consultas a equipe de saúde também deve dar orientações sobre gravidez, parto, pós-parto e cuidados com o bebê, além de informações sobre sexualidade, nutrição e cuidados com a saúde no período da gestação e preparação para amamentação.
Toda vez que a equipe indicar para um exame, tratamento ou cirurgia, ou quando prescrever algum remédio, a gestante deve ser informada. Da mesma forma, se tiver algum problema de saúde que possa ser tratado com mais de uma opção, tem o direito de ser informada.
O sangue é classificado em grupos sanguíneos – A, B, O, AB – mas o que é fator Rh? Fator Rh é o nome dado a uma proteína especial ligada as células sanguíneas (as células vermelhas do sangue ou hemácias). Quando uma pessoa tem um fator Rh, o seu sangue é considerado Rh+ (Rh positivo), quando não tem, o seu sangue é considerado Rh- (Rh negativo).
Às vezes, durante a gravidez, uma pequena quantidade de sangue do bebê chega até a corrente sanguínea da mãe. Isto pode ocorrer em algumas situações como durante o parto ou durante a coleta do liquido amniótico para fazer exame ou após aborto. Se esta situação acontecer na gravidez de uma mulher que tem o sangue Rh - e o seu bebê tem o sangue Rh+, o sistema de defesa do corpo da mãe (sistema imunológico) poderá produzir anticorpos contra o fator Rh do sangue do bebê, levando a destruição de suas hemácias, ou seja, a Doença Hemolítica do Recém-Nascido.
Por isso, quando uma mulher que tem fator Rh- fica grávida pela primeira vez é necessário tomar uma injeção de anticorpos chamada imunoglobulina Anti Rh ou anti-D logo após o nascimento do bebê, caso ele apresente o fator Rh+ em seu sangue. Essa injeção, a imunoglobulina anti-Rh, é um direito da mulher e esta disponível gratuitamente nas maternidades públicas.
Este procedimento protegerá os próximos filhos que a mulher deseja ter caso eles também tenham fator Rh+. No caso das mulheres grávidas Rh-, é importante fazer o Teste de Coombs. Este teste detecta no sangue a presença ou não de anticorpos (defesa do organismo) contra o fator Rh+. A cada nova gravidez os mesmos cuidados deverão ser repetidos.
Transmitida de mãe para filho durante a gravidez, a sífilis congênita é uma realidade cada vez mais preocupante nas maternidades. O teste VDRL, que identifica a doença, faz parte da rotina do pré-natal. O exame de sangue para identificar a doença deve ser feito ainda no primeiro trimestre da gravidez nas Unidades de Atenção Básica, nas redes municipais de saúde, e nos serviços que realizam pré-natal pelo SUS. Recomenda-se que o teste seja repetido no terceiro trimestre de gestação e, novamente, antes do parto.
As mulheres que não têm o resultado do teste disponível devem realizar o exame antes do parto. Se a mãe estiver infectada, é possível que o bebê nasça com complicações. Por isso, todos os bebês que nascem na rede pública de saúde devem realizar o exame para identificar a doença. Em caso positivo, a criança precisa ficar 10 dias internada para receber a medicação adequada, o que muitas vezes aumenta o tempo de internação também das mães.
Toda gestante diagnosticada com sífilis encontra tratamento disponível na rede pública de saúde. É importante, também, que os parceiros sexuais sejam diagnosticados e tratados, já que há risco de reinfecção. A doença pode ser transmitida por relação sexual sem preservativo com pessoa infectada, por transfusão de sangue contaminado ou da mãe infectada para o bebê durante a gestação ou o parto.
O teste anti-HIV, para identificar o vírus da aids, é um dos que devem ser realizados durante o pré-natal. Ele é uma proteção para a mulher e a criança. Uma mulher portadora do HIV pode começar o tratamento durante a gravidez, evitando que o vírus passe para o bebê durante a gestação e o parto.
A gestante deve realizar exame para hepatite B (HBsAg) no 1° e 3° trimestres da gestação. Caso o resultado seja negativo (HBsAg não reagente), ela deve iniciar esquema de vacina para hepatite B (total de 3 doses).
Caso a gestante tenha exame com resultado positivo (HBSAg reagente), o bebê deve receber a primeira dose da vacina para hepatite B e a imunoglobulina hiperimune anti-hepatite B nas primeiras 12 horas de vida, ainda na maternidade. A mãe deve ser encaminhada para serviço de referência.
No pré-natal também serão avaliadas as vacinas da gestante e se for preciso receber alguma vacina ela será orientada.
Uma destas vacinas é a antitetânica, que protege contra o tétano no bebê e na gestante. Se a gestante nunca foi vacinada, deve iniciar a vacinação no 5º mês de gravidez.
A proteção da vacina dura 10 anos. Se a última dose foi há mais de 10 anos, é necessário tomar apenas o reforço. Se for menos de 10 anos, não é necessária.
A vacina contra hepatite B, caso a gestante não seja vacinada, deve ser dada em 3 doses. Já a vacina contra gripe (influenza) é recomendada para toda gestante durante a campanha de vacinação.